Mosteiro Trapista - Nossa Senhora do Novo Mundo
 
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  • Das Orações Meditativas

    Ó sol de justiça, cujo brilho mostra a todos a luz de tua face e o esplendor de tua verdade; convidas tua esposa, seja ela quem for, dizendo: Mostra-me o teu rosto, minha irmã (Ct 2, 14). E, de imediato, a alma de boa vontade, a quem do céu a paz é anunciada, aquele que é irmão de Cristo, cuja alma é chamada sua irmã, deseja aparecer, tal como é, diante de ti em teu santuário e, em tua luz, ver a luz. Se é pecador, ele te mostra o rosto de sua miséria, procurando o rosto de tua misericórdia; se é santo, corre para ti com o rosto de sua justiça e encontra em ti um rosto semelhante ao seu, pelo qual, justo Senhor, amas a justiça. Pelo contrário, aquele que tem o rosto de uma meretriz, não querendo se envergonhar e fugindo da verdade, incorre na tua severíssima justiça.
    Com efeito, tanto a alma humana nutre sentimentos como tem rostos diversos em tua presença. Tu, porém, ó Verdade, os aceitas todos e, adaptando-te a todos, permaneces imutável em ti mesmo. Em ti a piedosa humildade encontra a graça familiar, o amor ardente encontra a suave matéria do óleo, a contrição do coração humilde encontra a justiça que lhe preparaste, a fronte da meretriz encontra sua vergonha.
    Assim, ó soberana justiça, a misericórdia em ti e a verdade se encontram (cf. Sl 84 [85], 11) quando a verdade da humana justiça, na alma justa, é humildemente confessada, e que a verdade da tua justiça faz justa misericórdia a esta confissão segundo a verdade. E enquanto essa humana justiça oferece o beijo de uma justa confissão, tu a recebes no beijo da paz.
    É este o beijo do esposo e da esposa. Para que o rosto desta última fosse considerado digno de teu beijo, ó Senhor, teu rosto foi coberto de escarros; para que o seu rosto se mostrasse digno e belo, teu rosto ficou lívido por causa das bofetadas e dos golpes de vara; teu rosto ficou, aos olhos dos homens, saturado de opróbrios, para que o rosto deles se mostrasse belo e agradável a teus olhos. E ainda mais: tu lhe preparaste o banho de teu precioso sangue, no qual seriam banhados os filhos de Deus; tu suportaste coisas horríveis por nós que cometemos coisas horríveis; para nós, rosto algum de penitência jamais teria podido satisfazer ao rosto de tua soberana justiça se, a tudo o que por nós padeceste, não fosse acrescentada a tua inocência; pois, sendo Filho, foste atendido por tua piedade (cf. Hb 5, 8.7).
    De fato, por causa de minhas mãos, Senhor, que fizeram o que não deviam, tuas mãos foram transfixadas por pregos; teus pés também o foram por causa de meus pés; teus olhos, pelos desregramentos de minha vista, e teus ouvidos, pelo que escutei indevidamente, adormeceram na morte. A lança do soldado abriu teu lado para que, enfim, de meu coração impuro escorresse, por tua chaga, tudo o que nele uma longa corrupção havia inflamado e corroído. Por último, tu morreste para que eu viva; foste sepultado para que eu ressuscite. É este o terno beijo que dás à tua esposa; é este o abraço de amor que dás à tua amiga.
    Mas, Senhor, para onde atrais os que abraças e estreitas, senão ao teu coração? Teu coração é este doce maná de tua divindade que guardas no íntimo, ó Jesus, no cofre de ouro de tua sapientíssima alma. Felizes os que para ele são atraídos por teu abraço, felizes os que escondeste no segredo deste esconderijo, dentro de teu coração, a fim de que, por teus ombros, sejam defendidos com sua sombra da confusão dos homens; e não tenham outra esperança senão tuas asas a protegê-los e aquecê-los. Com efeito, o vigor de teus ombros dá sombra aos que, escondidos no esconderijo de teu coração, dormem suavemente; e uma terna expectativa os alegra, colocados que estão em meio a uma santa consciência e à espera da recompensa por ti prometida: a timidez não os enfraquece nem a impaciência os deixa murmurar.




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